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• Um pouco da sua caminhada da fama.

Em 1952, Guimarães Rosa fez uma longa excursão a Mato Grosso e escreveu o conto "Com o vaqueiro Mariano", que integra, hoje, o livro póstumo Estas estórias (1969), sob o título "Entremeio: Com o vaqueiro Mariano".
A importância capital dessa excursão foi colocar o Autor em contato com os cenários, os personagens e as histórias que ele iria recriar em Grande sertão: Veredas.
É o único romance escrito por Guimarães Rosa e um dos mais importantes textos da literatura brasileira.
Publicado em 1956, mesmo ano da publicação do ciclo novelesco Corpo de baile, Grande sertão: Veredas já foi traduzido para muitas línguas.
Por ser uma narrativa onde a experiência de vida e a experiência de texto se fundem numa obra fascinante, sua leitura e interpretação constituem um constante desafio para os leitores.

• Meio século pelos grandes sertões

Publicado há exatos 50 anos, Grande Sertão: Veredas, romance de Guimarães Rosa, modificou o parâmetro da linguagem literária brasileira.
Organizada pelo Departamento de Letras e apoiada pelo Decanato do Centro de Teologia e Ciências Humanas (CTCH), a jornada O Conto e o Ponto: 50 Anos de Grande Sertão, realizada dia 10 de outubro, homenageou o escritor e analisou o estilo e a postura de Rosa.
• A propósito de seus primeiros anos, diria mais tarde o escritor com certa dose de mágoa:

Não gosto de falar da infância.
É um tempo de coisas boas, mas sempre com pessoas grandes incomodando a gente, estragando os prazeres. Recordando o tempo de criança vejo por lá um excesso de adultos, todos eles, mesmo os mais queridos, ao modo de soldados e policiais do invasor, em pátria ocupada.
Fui rancoroso e revolucionário permanente, então.
Já era míope, e nem mesmo eu, ninguém sabia disso.
Gostava de estudar sozinho e de brincar de geografia.
Mas tempo bom de verdade só começou com a conquista de algum isolamento, com a segurança de poder fechar-me num quarto e fechar a porta.
Deitar no chão e imaginar estórias, poemas, romances, botando todo mundo conhecido como personagem, misturando as melhores coisas vistas e ouvidas.

• A obra

Publicado pelas editoras Ateliê Editorial/Senac, o livro de Marli Fantini é resultado da tese de doutorado em literatura comparada, Fronteiras em falso: a poética migrante de Guimarães Rosa, defendida em 2000 na Faculdade de Letras da UFMG. Na obra, a autora relaciona as fronteiras profissionais com as literárias que emergem da vida e da obra de Guimarães Rosa."A interface entre a sua e outras línguas e culturas, o difícil confronto entre ásperas alteridades irão exigir que ele - sobretudo quando ocupa, no Itamaraty, a chefia do Serviço de Demarcação de Fronteiras - enfrente o desafio de permeabilizar fronteiras reais e metafóricas, tanto nas negociações oriundas da função diplomática, quando no trabalho de criação de seus espaço literários", dizem os editoras na apresentação da obra.Para Eneida Maria de Souza, prefaciadora de Guimarães Rosa - fronteiras, margens, passagens, "Marli Fantini fez da paisagem discursiva da obra rosiana, tendo como parâmetro o desenvolvimento das noções de transculturação narrativa, hibridez cultural, poética de fronteira, heterogeneidade conflitiva, mirada estrábica e entre-lugar, lança novas luzes interpretativas ao repertório da recepção crítica de Rosa"Marli Fantini é professora de Teoria literária no curso de graduação da Fale, onde ministra ainda o seminário Crítica literária brasileira, tradição e modernidade em Machado de Assis, na pós-graduação. É também diretora do Centro de Estudos Portugueses da UFMG e editora de sua revista.